quinta-feira, 22 de abril de 2010

"Ainda sobre responsabilidade, agora versus culpa....de quem?", por Joana Luz

É interessante observar como um movimento reivindicatório como a paralisação da comunidade da UFBA pode nos levar a uma série de reflexões. Muitas delas bastante pertinentes e outras totalmente equivocadas. Um exemplo desses equívocos é a colocação de algumas pessoas que dizem que a culpa pela situação que estamos enfrentando é da UFBA, que colocou o campus naquele “fim de mundo”. Fim de mundo esse que é, nada mais nada menos, um dos vetores de expansão da cidade. Outros dizem que deveríamos ter pensado nisso antes de transferir os alunos para um campus sem acesso, esquecendo-se que é nesse local onde estão investidos cerca de 20 milhões de reais, onde estão nossos laboratórios e onde temos condições de crescer.

Se formos seguir essa linha de raciocínio, tão limitada, diríamos que realmente a culpa é nossa em termos vindo para Barreiras ao invés de procurarmos um local que nos oferecesse melhores condições. Como não temos essa limitação e compreendemos que a expansão do ensino superior, ocorrida nos últimos anos, é algo de fundamental importância para o desenvolvimento educacional, tecnológico, científico, cultural e econômico do Brasil, só podemos chegar a uma conclusão, que foi uma decisão acertada virmos para a região oeste da Bahia.

Seguindo então essa segunda linha de raciocínio (da decisão acertada) e voltando à questão do meu primeiro post, "Universidade e Responsabilidade Social versus Responsabilidade Social e Universidade", que aliás parece não ter sido entendido por algumas pessoas, vou tentar ser mais didática, para ver se consigo me fazer entender. Quando chegamos a Barreiras há cerca de 3 anos e meio, apenas 32 professores, 240 alunos, nenhum funcionário e nenhuma infra-estrutura, tanto interna (UFBA) quanto externa (poder público). Com esse quadro se tivéssemos seguido a primeira linha de raciocínio (a do recuo) teríamos arrumado nossas malas e retornado às nossas cidades de origem e dito que não tínhamos como iniciar nada naquelas condições.

Esses 32 professores “meteram a mão na massa”, trabalhando em condições bastante precárias, sem nunca pensar em desistir. Passados esses 3 anos e meio, creio que cumprimos nossa lição de casa: não que tenhamos as condições ideais, ainda temos muito que fazer, mas podemos dizer que hoje a Universidade Federal da Bahia na região oeste efetivamente existe. Dobramos o número de cursos, incluindo cursos noturnos, quadruplicamos o número de professores, temos mais de mil estudantes, temos servidores técnico-administrativos, que apesar do número ainda pequeno para nossas necessidades, têm trabalhado com bastante eficiência. E continuaremos trabalhando para fazer mais, apesar das dificuldades que se apresentam.

Pois bem, ao iniciarmos nossas atividades contatamos imediatamente governo do estado e prefeitura, solicitando apoio no sentido de criar condições de infraestrutura, uma vez que estávamos iniciando as obras no novo campus (leia-se: Prainha). Tínhamos consciência de que haveria um aumento de demanda de tráfego e que o acesso era algo a ser pensado e planejado. Mudamos para o campus da Prainha dois anos depois e nada de acesso, agora 3 anos e meio depois ainda continuamos sem acesso e a demanda só aumenta pois continuamos a fazer nossa lição de casa.

Diante dessas questões, vale uma reflexão acerca do significado da expansão do ensino superior. Será que as Universidades têm que ficar restritas aos grandes centros, ao litoral, aos municípios que oferecem infraestrutura adequada? Será que devemos condenar as regiões mais distantes a se isolarem cada vez mais, não permitindo que sua população possa ter acesso à educação em todos os níveis? Pensando nisso é que estamos parados há cerca de 40 dias, tentando mostrar para a população que só ela é responsável pela defesa daquilo que é do seu interesse.

Por Joana Luz

3 comentários:

  1. Não sei o porquê, mas para algumas pessoas a UFBA nem deveria ter vindo para o oeste. Talvez, por medo do grande potencial que é uma universidade Federal. Insistem em colocar a culpa na instituição, sem ao menos conhecer a rotina, o numero de acadêmicos e de professores, numa universidade. Vivem com um pensamento limitado, não tem visão de futuro, achar que a Universidade poderia ser feita no centro da cidade é uma sandice sem tamanho. Podemos muito bem, procurar a historia das grandes Faculdades e veremos que muitas delas foram feitas distantes do centro da cidade, que gradativamente foi se aproximando, e hoje, o que era distante, é centro. O que acontece é uma expansão da cidade, as pessoas tendem a buscar se aproximar quando sentem o progresso. Porem, para que isso aconteça é necessário uma infra-estruturar ao redor do mesmo, coisa que não vemos para a UFBA.

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  2. Joana e demais amigos,
    Atenho o meu comentário a um trecho do seu texto, no qual nos lembra que o Campus da Prainha está instalado em um vetor de crescimento da cidade.
    O Plano Diretor da cidade de Barreiras indica aquele como um dos espaços preferenciais para a expansão da mancha urbana.
    O que devemos pensar, então, quando críticas à localização do Campus no "Além Rio de Ondas" partem de prepostos da Prefeitura e Câmara de Vereadores, ou seja, daqueles de deveriam conhecer o PDU de cor e salteado??!!
    Lamentável, não é verdade?

    Um abraço a todos,

    Paulo Baqueiro (Professor da UFBA)

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  3. Eu gostaria simplesmente de parabenizar a todos vocês professores da UFBA, especialmente o Campus de Barreiras, lhes dou boas vindas a todos vocês, e gostari de entrar em contatato com a instituicão ICAD, para mantermos contato, fazermos amizades, e trocar experiências, o GrandeBahiaOnline.Com é site de notícias, que une forcas com todos aqueles que pretendem melhorar a imagem do Oeste Baiano.

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