A Universidade Federal da Bahia chegou à região oeste do estado há cerca de 3 anos e meio, começando timidamente com pouco mais de 30 professores e cerca de 200 estudantes. Este tempo é pouco para a consolidação de uma universidade, mas muito para que esta já pudesse ter recebido a devida atenção dos poderes públicos tanto da região quanto do estado da Bahia. Não sou daqueles que acham que deveríamos esperar que tivéssemos todas as condições estabelecidas para apenas então iniciarmos nossas atividades; entretanto, creio que o construir de uma instituição como uma universidade deva ser um esforço conjunto, tanto daqueles que compõem o quadro de servidores dessa instituição quanto daqueles que se colocam na condição de representantes dos interesses de toda uma sociedade.
Muitos investimentos já foram aplicados na criação do campus da UFBA desde a sua criação em 2006 – cerca de R$ 20 milhões em recursos advindos do programa de expansão do Governo Federal – e atualmente o campus possui numa área 60 hectares com 1 prédio que abriga 32 laboratórios de ensino e pesquisa, 1 pavilhão de aulas concluído e outro em fase de construção, 1 prédio de biblioteca já licitado com previsão imediata de inicio das obras, além do prédio localizado no centro, onde iniciamos nossas Atividades e onde hoje funcionam alguns cursos, incluindo-se cursos noturnos. Contamos hoje com 123 vagas docentes em regime de dedicação exclusiva e 35 de servidores técnicos administrativos. Com o vestibular 2010 temos hoje um quantitativo de cerca de 1200 alunos, distribuídos nos 12 cursos oferecidos pelo campus.
A Universidade tem cumprido seu papel oferecendo vagas para toda a população da região oeste da Bahia, nos seus cursos de graduação e de especialização recentemente abertos e nos diversos cursos de extensão já realizados e em realização. Além disso, temos diversos projetos de pesquisa em andamento, e muitos outros por vir. Em outras palavras, o papel social da universidade está colocado, não apenas para a formação profissional de qualidade, mas de forma não menos importante na participação efetiva nos destinos dessa região e desse país, através da formação crítica e do questionamento das estruturas políticas, econômicas e sociais.
Apesar de tudo o que foi colocado anteriormente, a respeito da importância que uma universidade exerce como pólo de produção de conhecimento, não temos visto um engajamento das forças políticas desta região, e mesmo deste estado, na consolidação e construção desta universidade. Coloco isso baseada em alguns aspectos que considero bastante relevantes. O primeiro diz respeito à criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia. Apesar da implantação da Universidade Federal do Recôncavo Baiano em 2005, a Bahia apresenta ainda um número bastante reduzido de Universidades Federais em relação à sua população, com 1.630 habitantes por vaga, enquanto que a média nacional era de 1080 habitantes por vaga oferecida no ano de 2009; o estado ocupa atualmente o 26o lugar na distribuição de vagas e o 25o lugar entre os 27 estados brasileiros na distribuição de recursos para as Universidades Federais, que é de R$ 51,28/habitante (ante uma média nacional de R$ 139,07/habitante). Mesmo considerando-se o déficit educacional do estado, não vemos um movimento significativo em defesa da criação da Universidade Federal do Oeste da Bahia: temos visto apenas manifestações individualizadas de algumas lideranças do estado.
O segundo ponto diz respeito a aspectos de infraestrutura do nosso campus. Apesar de todos os investimentos já realizados e do patrimônio acumulado, vemos com muito pesar a possibilidade de termos que parar nossas atividades em função da falta de condição de tráfego para o campus da Prainha, local onde está a maioria dos nossos alunos e professores. Neste período de chuvas já tivemos alguns incidentes, com carros atolando, sem contar a aventura que é atravessar a ponte, colocando em risco a integridade física de todos que passam diariamente pelo local. É lamentável que depois de três anos de instalado o campus da UFBA ainda tenha que brigar por condições de acesso e iluminação pública.
Acredito que, assim como a universidade tem responsabilidades sociais inerentes às suas atividades, a sociedade, representada pelas suas lideranças políticas, deve ter um compromisso para com esta instituição. Instituição que, no caso específico do Campus da UFBA em Barreiras, se constitui num dos maiores ganhos sociais para a região oeste da Bahia, uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
Por Joana Luz
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