Desculpem-me a insistência na questão, mas tenho escrito que o discurso e projeto da criação do estado do Rio São Francisco acaba por encobrir os problemas reais de Barreiras e, provavelmente, de todo Oeste da Bahia. Certamente os grandes problemas da cidade existem por um histórico de administrações ruins, embora se crie o discurso de que o estado baiano é o responsável por eles, na medida em que não investe aqui. Daí a necessidade de criação do novo estado.
A recente manifestação da UFBA desencadeou uma série de reações que evidencia com muita força esse fato. O site ZDA (que, aliás, está fora do ar há vários dias no momento em que escrevo) destacou-se como organizador do debate, uma vez que nele muitas visões sobre o ocorrido foram expostas.
O ex-prefeito Saulo Pedrosa escreveu um texto condenando a atual gestão, fazendo duras críticas ao descaso com que vem sendo tratada a UFBA, bem como ao posicionamento da prefeita durante o acontecimento. A presidenta da câmara de vereadores, Kelly Magalhães, saiu em defesa da atual administração. Em post do dia 17 de março em seu blog, pôs em xeque, em primeiro lugar, os méritos do antigo prefeito na vinda da Universidade Federal para Barreiras. Tal fato deve-se a um projeto do governo federal, do MEC e do governo da Bahia. Saulo Pedrosa, portanto, beneficiou-se de ações dos governos do PT, partido ao qual o seu (PSDB), é bom lembrar, faz oposição. A vereadora lembra também como fora tratada a educação superior pública quando FHC esteve na presidência. Mas a réplica não se restringe a esse argumento, pois as “obras” que o ex-prefeito listou em sua conta, Kelly tratou de lembrar que elas eram, na verdade, programas das esferas mais altas, ou seja, dos governos estadual e federal. Além do mais, Saulo ainda se dera ao luxo de perder 69 milhões destinados ao saneamento básico, verba que ele poderia ter recebido do governo federal, mas da qual Barreiras não se beneficiou devido à questão com a Embasa.
Saindo das diatribes contra Saulo para os encômios à atual prefeita Jusmari, Kelly Magalhães, porém, muda radicalmente o critério de sua análise, pois aquilo que assume um caráter de discurso desmistificador quando avalia a gestão de Saulo é motivo agora de elogios. Assim, Kelly louva as realizações da cidade mãe, quando na verdade são o vovô e o bisavô os responsáveis pelos melhoramentos que ela lista – num post anterior, do dia 07 de janeiro de 2010. Lamentando que o povo tenha memória curta, ela diz que as principais ruas da cidade antes estavam intransitáveis. Além de melhorá-las, a atual gestão deixou a cidade florida, a saúde está a olhos vistos (sic) e há um trabalho para atrair indústrias e fábricas. De tudo isso, só mesmo as flores podem ser vistas, e há mesmo um trabalho exaustivo para molhá-las com caminhão-pipa, e para substituí-las, pois mesmo regando-as, elas não resistem por muito tempo. Quanto às ruas, não sei por onde a vereadora transita, mas não vejo diferença entre o que era e como está. Saindo, então, da avaliação do governo municipal para o estadual, Kelly diz que Wagner muito tem feito pelo Oeste. Todos podem conferir as benesses listadas em seu blog. A meu ver, o mesmo argumento que ela utilizou contra Saulo vale para a atual gestão, ou seja, aquilo que compete ao município vai mal, e o que supostamente tem sido feito vem de cima. O que joga por terra o discurso de que Barreiras e o Oeste são abandonados, pois o problema maior é mesmo com as administrações locais. Afinal de contas, não é isso que a vereadora sustenta quando analisa a gestão Saulo e que se esquece de dizer quando tergiversa sobre a atual?
Ora, basta lembrar que Barreiras tem hoje uma universidade estadual (UNEB), uma federal (UFBA) e um instituto federal (IFBA). Ademais, é possível citar outros órgãos, como EBDA, CODEVASF etc. As cidades que supostamente não são abandonadas pela Bahia certamente gostariam de receber tratamento igual.
Em termos de educação, afora Salvador, apenas Vitória da Conquista está servida com esse mesmo aporte de instituições de ensino público. Vale citar que aquele município é governado pelo PT desde 1997 (já é o quarto governo seguido), portanto, parece natural que no projeto de interiorização da UFBA, seu nome tenha sido o primeiro a ser lembrado. Mas, se pensarmos bem, essa conta talvez não deva ser invocada, pois o tratamento que a UFBA (tanto em termos físico como humano) vem recebendo denota que o município não faz questão de Universidades. Se é educação que os governos estadual e federal querem dar ao Oeste, esqueçam. O que se deseja é um estado novo, com uma profusão de cargos novos a serem preenchidos. Senão vejamos.
O site da UFBA em Vitória da Conquista noticiou a pavimentação do acesso ao campus de lá. Uma parceria do município com o estado para realizar as obras, que custarão em torno de 700 mil reais. Embora seja um valor menor que o necessário para pavimentar o acesso à Prainha, a obra em Vitória da Conquista revela que lá a prefeitura foi buscar junto ao governo estadual recursos. Aqui, ouve-se o tempo todo que não há dinheiro, mas que Wagner prometeu realizar também a obra. Será que nosso executivo foi buscar esse investimento ou está à espera do dinheiro? Quando se olha a foto da rua que será pavimentada em Vitória da Conquista, mesmo sendo de terra, nota-se que ela é muito mais transitável do que as principais ruas de Barreiras. Já nem é possível comparar com a rua lateral que conduz à entrada principal do Padre Vieira, que é uma das ruas mais podres do centro. Invocar o trajeto para chegar à Prainha seria insanidade.
Mas em meio a todas as questões que a manifestação da UFBA provocou, bem como às mazelas que fez vir à tona, a prefeita Jusmari bradou que o problema foi terem construído a Universidade do outro lado do rio. Além disso, disse que ela era a prefeita mais democrática que esta cidade já teve, pois embora seja evangélica, realizou o maior carnaval de Barreiras. E não achando pouca a confusão entre religião e política, disparou que sua meta é converter 90% por cento da população à sua religião. Parece até fala daqueles personagens políticos de Chico Anísio ou da antiga série O Bem Amado.
Seria cômico, se não fosse trágico.
A recente manifestação da UFBA desencadeou uma série de reações que evidencia com muita força esse fato. O site ZDA (que, aliás, está fora do ar há vários dias no momento em que escrevo) destacou-se como organizador do debate, uma vez que nele muitas visões sobre o ocorrido foram expostas.
O ex-prefeito Saulo Pedrosa escreveu um texto condenando a atual gestão, fazendo duras críticas ao descaso com que vem sendo tratada a UFBA, bem como ao posicionamento da prefeita durante o acontecimento. A presidenta da câmara de vereadores, Kelly Magalhães, saiu em defesa da atual administração. Em post do dia 17 de março em seu blog, pôs em xeque, em primeiro lugar, os méritos do antigo prefeito na vinda da Universidade Federal para Barreiras. Tal fato deve-se a um projeto do governo federal, do MEC e do governo da Bahia. Saulo Pedrosa, portanto, beneficiou-se de ações dos governos do PT, partido ao qual o seu (PSDB), é bom lembrar, faz oposição. A vereadora lembra também como fora tratada a educação superior pública quando FHC esteve na presidência. Mas a réplica não se restringe a esse argumento, pois as “obras” que o ex-prefeito listou em sua conta, Kelly tratou de lembrar que elas eram, na verdade, programas das esferas mais altas, ou seja, dos governos estadual e federal. Além do mais, Saulo ainda se dera ao luxo de perder 69 milhões destinados ao saneamento básico, verba que ele poderia ter recebido do governo federal, mas da qual Barreiras não se beneficiou devido à questão com a Embasa.
Saindo das diatribes contra Saulo para os encômios à atual prefeita Jusmari, Kelly Magalhães, porém, muda radicalmente o critério de sua análise, pois aquilo que assume um caráter de discurso desmistificador quando avalia a gestão de Saulo é motivo agora de elogios. Assim, Kelly louva as realizações da cidade mãe, quando na verdade são o vovô e o bisavô os responsáveis pelos melhoramentos que ela lista – num post anterior, do dia 07 de janeiro de 2010. Lamentando que o povo tenha memória curta, ela diz que as principais ruas da cidade antes estavam intransitáveis. Além de melhorá-las, a atual gestão deixou a cidade florida, a saúde está a olhos vistos (sic) e há um trabalho para atrair indústrias e fábricas. De tudo isso, só mesmo as flores podem ser vistas, e há mesmo um trabalho exaustivo para molhá-las com caminhão-pipa, e para substituí-las, pois mesmo regando-as, elas não resistem por muito tempo. Quanto às ruas, não sei por onde a vereadora transita, mas não vejo diferença entre o que era e como está. Saindo, então, da avaliação do governo municipal para o estadual, Kelly diz que Wagner muito tem feito pelo Oeste. Todos podem conferir as benesses listadas em seu blog. A meu ver, o mesmo argumento que ela utilizou contra Saulo vale para a atual gestão, ou seja, aquilo que compete ao município vai mal, e o que supostamente tem sido feito vem de cima. O que joga por terra o discurso de que Barreiras e o Oeste são abandonados, pois o problema maior é mesmo com as administrações locais. Afinal de contas, não é isso que a vereadora sustenta quando analisa a gestão Saulo e que se esquece de dizer quando tergiversa sobre a atual?
Ora, basta lembrar que Barreiras tem hoje uma universidade estadual (UNEB), uma federal (UFBA) e um instituto federal (IFBA). Ademais, é possível citar outros órgãos, como EBDA, CODEVASF etc. As cidades que supostamente não são abandonadas pela Bahia certamente gostariam de receber tratamento igual.
Em termos de educação, afora Salvador, apenas Vitória da Conquista está servida com esse mesmo aporte de instituições de ensino público. Vale citar que aquele município é governado pelo PT desde 1997 (já é o quarto governo seguido), portanto, parece natural que no projeto de interiorização da UFBA, seu nome tenha sido o primeiro a ser lembrado. Mas, se pensarmos bem, essa conta talvez não deva ser invocada, pois o tratamento que a UFBA (tanto em termos físico como humano) vem recebendo denota que o município não faz questão de Universidades. Se é educação que os governos estadual e federal querem dar ao Oeste, esqueçam. O que se deseja é um estado novo, com uma profusão de cargos novos a serem preenchidos. Senão vejamos.
O site da UFBA em Vitória da Conquista noticiou a pavimentação do acesso ao campus de lá. Uma parceria do município com o estado para realizar as obras, que custarão em torno de 700 mil reais. Embora seja um valor menor que o necessário para pavimentar o acesso à Prainha, a obra em Vitória da Conquista revela que lá a prefeitura foi buscar junto ao governo estadual recursos. Aqui, ouve-se o tempo todo que não há dinheiro, mas que Wagner prometeu realizar também a obra. Será que nosso executivo foi buscar esse investimento ou está à espera do dinheiro? Quando se olha a foto da rua que será pavimentada em Vitória da Conquista, mesmo sendo de terra, nota-se que ela é muito mais transitável do que as principais ruas de Barreiras. Já nem é possível comparar com a rua lateral que conduz à entrada principal do Padre Vieira, que é uma das ruas mais podres do centro. Invocar o trajeto para chegar à Prainha seria insanidade.
Mas em meio a todas as questões que a manifestação da UFBA provocou, bem como às mazelas que fez vir à tona, a prefeita Jusmari bradou que o problema foi terem construído a Universidade do outro lado do rio. Além disso, disse que ela era a prefeita mais democrática que esta cidade já teve, pois embora seja evangélica, realizou o maior carnaval de Barreiras. E não achando pouca a confusão entre religião e política, disparou que sua meta é converter 90% por cento da população à sua religião. Parece até fala daqueles personagens políticos de Chico Anísio ou da antiga série O Bem Amado.
Seria cômico, se não fosse trágico.
Por Márcio Lima